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A Lenda do Bicho do Tomba: Entre Memórias e Novas Narrativas em Feira de Santana

21 de ago de 2024 às 16:35 | Imagem:  Carlos Gomes

Desde os anos 1940, a lenda do Bicho do Tomba tem assombrado e fascinado gerações em Feira de Santana. Mesmo entre os novos moradores, como Márcio Ferreira, paulista que vive no bairro Tomba há menos de três anos, a história é bem conhecida. “A gente conversando com as pessoas e aí sempre conversa vai, conversa vem, aí teve um dia que a gente tava conversando sobre histórias, assim, urbanas. Aí eu falava algumas coisas que eu conheci lá em São Paulo e as pessoas falavam daqui. Aí falou desse bicho do Tomba,” comenta Márcio.

As lembranças do Bicho do Tomba permanecem ainda mais fortes na memória de moradores antigos, como seu Joselito Martins, que relembra: “ Ele já correu atrás de mim. Era a mesma coisa de um jegue. Ali descendo a rua do México.”

Mas não é só o Bicho do Tomba que permeia o imaginário popular da cidade. Recentemente, uma nova personagem mitológica ganhou destaque: Uiara, a Mãe dos Olhos d’Água. Essa figura foi retratada em uma impressionante pintura na Caixa D’água do Tomba, um dos principais cartões postais de Feira de Santana. Criada pela artista Nila Carneiro, a obra busca resgatar e valorizar as narrativas históricas e culturais do bairro.

Uiara é descrita como uma mulher parda de beleza exuberante, com o rosto maquiado e os cabelos adornados com flores e pérolas, cuja parte inferior do corpo se transforma em um peixe. Apesar da imponência da imagem, a figura ainda é desconhecida para alguns moradores, como Maria Piedade, uma vendedora local que não tinha conhecimento da nova lenda.

Mas, voltando às histórias sobre o bicho que assombrava o bairro, o painel do artista Lênio Braga, situado na estação rodoviária de Feira de Santana, também faz referência ao Bicho do Tomba, reforçando sua relevância na cultura local. No painel, o bicho é retratado com asas e soltando fogo pela boca. Mas, afinal, será que essa criatura realmente existiu?

O professor Cledson Ponce, que dedicou sua dissertação de mestrado à história urbana de Feira de Santana, revela como a lenda surgiu e se espalhou: “As meninas iam buscar água nas fontes, às vezes iam visitar um parente em uma roça vizinha e no meio do caminho eram atacadas, violentadas. E aí elas começavam a fantasiar porque eu fui atacada por um bicho e tinha asa de morcego e tinha chifre e soltava um berro horrível. As pessoas começaram a fazer um símbolo, que é o signo de Salomão, que era um símbolo judaico que, quando advém o cristianismo, se torna um símbolo adotado pela Igreja Católica, de proteção, como um amuleto. E acredite, isso chega até a área urbana de Feira de Santana e a coisa ganhou tal dimensão que as autoridades tomaram a decisão de decretar toque de recolher”, explica o professor Cledson.

A lenda do Bicho do Tomba, junto com a recente introdução de Uiara, mostra como as histórias populares de Feira de Santana continuam evoluindo, refletindo tanto as raízes antigas quanto as novas narrativas que surgem na cidade.

 

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